Pois é, caros leitores. Como alguns de vocês sabem, esta que vos escreve completou sua maioridade há uma semana (Sim: bolo, guaraná e muito doce pra mim). Período propício para a façanha, já que muito se tem dito sobre a diminuição (ou não) da maioridade penal e - como é de praxe no nosso País Tropical -nada se resolve. Eu, na minha humilde condição de "recém ex-menor", vejo-me tentada a pôr o bedelho no assunto.
Então. De cara, digo que a juventude brasileira anda muito mal vista. No mínimo. Esqueceram o discurso bonito de Sementes Do Amanhã para substituí-lo pelo rótulo para o qual ela é criada, em casa e na escola: "Alienados, dirijam-se à direita. Rebeldes, pra esquerda. E façam fila, por favor".
Exemplos disso são as regras confusas do convívio Jovem X Sociedade: Um menino de dezesseis anos, digamos, deve (ou não) se responsabilizar por um crime, mas não pode responder por seus atos se for a um bar com os amigos. Negligência do pai, da mãe e/ou do dono do bar. E pelo menos um desses, pode estar certo, vai responder a processo judicial (no horário comercial, com pausa para almoço e pra novela da tarde). O mesmo moleque não pode dirigir, mas o Estado garante seu direito de eleger governantes - deixando sempre claro que não acredita na maturidade dele pra tamanho ato cívico (o próprio Brasil esculhamba todo o seu processo eleitoral...). E como se não bastasse o bafafá, a mídia de entretenimento ainda engrossa o caldo dos estereótipos da juventude, com suas gírias iradas que, tipo assim, piram o cabeção de toda a galera. Caraca, meu.
No fim das contas, a grande pergunta não é se o adolescente tem (ou não) que pagar pelos crimes que supostamente cometeu. Agora, o que ninguém sabe e todo mundo quer saber é:
Menor, ainda vá lá. Mas menor que quem?
A autora adianta a resposta: menor que a mídia, que os rótulos, que as tradições, que a bur(r)ocracia, que o Estado, que o senso comum, que o sistema educacional e - por que não? - menor de idade.